Frequentemente ouvimos a orientação de que as pessoas que trabalham em ambientes iluminados por lâmpadas fluorescentes necessitam usar protetor solar. Até que ponto isto é necessário?
Esta questão surgiu no início da década de 1980, quando se considerou a possibilidade de que as lâmpadas fluorescentes poderiam causar o melanoma, ou câncer de pele. Este boato foi estimulado principalmente por dois fatos: 1) a maioria das fontes de luz fluorescente emite uma pequena quantidade de R-UV e 2) a exposição a altos níveis de R-UV solar podem causar o melanoma.
Infelizmente, tais relatos superficiais, sobre um assunto técnico, levaram ao surgimento de um conceito indevido sobre as lâmpadas fluorescentes, entre muitas pessoas. De fato, a maioria das lâmpadas utilizadas para a iluminação de ambientes internos produz R-UV, entretanto elas não geram riscos à saúde. Para entendermos o porquê disto, devemos analisar o funcionamento dos dois principais tipos de lâmpadas mais comumente utilizadas (as lâmpadas incandescentes e as fluorescentes) e conhecer as conclusões de vários estudos científicos sobre o tema.
Lâmpadas incandescentes: a luz visível emitida por este tipo de lâmpada resulta do aquecimento dos seus filamentos de tungstênio. A maior parte da energia resultante deste processo encontra-se na faixa do infravermelho. A quantidade de R-UV produzida é desprezível e completamente absorvida pelo bulbo da lâmpada que é de vidro.
Lâmpadas fluorescentes: neste tipo de lâmpada, uma descarga elétrica é gerada e conduzida através de um gás ou uma mistura de gases (habitualmente mercúrio e argônio) causando a sua ionização e consequentemente a produção de R-UV. Esta, por sua vez, interage com a camada de fósforo na face interna do invólucro de vidro da lâmpada sendo convertida em luz visível. Assim, as emissões de R-UV das lâmpadas fluorescentes são extremamente baixas devido a uma forte atenuação causada pela reação com o fósforo e pelo invólucro de vidro.
Diversos estudos científicos já foram realizados com o objetivo de medir a quantidade de R-UV que as lâmpadas fluorescentes poderiam estar emitindo no ambiente. Em 1988, uma revisão científica internacional (CIE - Journal, 1988 apud NEMA, 1999) concluiu que não havia nenhum dado que suportasse a associação entre a exposição a luz fluorescente e o risco de melanoma. Concluíram que nenhuma lâmpada testada emitia níveis significativos de R-UV a uma distância de 10 centímetros que pudesse ser considerada risco para a saúde.
No Brasil, medições em ambientes iluminados artificialmente, realizadas com instrumentos muito sensíveis, mostraram que os níveis de R-UV são praticamente nulos e, portanto, não oferecem risco algum à saúde. Uma exposição de 8 horas sob a luz fluorescente equivale a 1 minuto de exposição ao sol.
Sendo assim, com base em estudos realizados desde a década de 80, a conclusão de que aslâmpadas fluorescentes não emitem níveis significativos de Raios Ultravioletas e quenão aumentam o risco para o desenvolvimento dos principais tipos de câncer de pele(CEC, CBC e melanoma) permanece até os dias de hoje.
REFERÊNCIAS
ARPANSA. Australian Radiation Protection and Nuclear Safety Agency. Ultraviolet radiation emissions from compact fluorescent lights. Disponível em: http://www.arpansa.gov.au
NEMA. National electrical Manufacturers Association. Ultraviolet radiation from fluorescent lamps. A NEMA Lighting Systems Division Document, 1999.
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